[Aventura] First — Gathering Information "In Search of a Spellbook" (Oddie)

Após dias em busca de algum grupo de aventureiros que estivessem dispostos para viajar comigo decidi fazer a minha jornada eu mesmo confiando somente nas minhas técnicas — e nos meus subordinados. Acreditava também que o meu objetivo deveria ser comum a muitos outros aventureiros que passava por Valkaria e eu não pretendia dividir as recompensas que adquirisse.

Pela posição do Sol era pouco mais do meio-dia, eu não teria muito tempo para conversas e enrolações precisaria ser o mais objetivo possível mas também persuasivo. Me posicionei ao centro comercial e urbano de Valkaria, as informações que eu precisava não seriam encontradas no luxuoso castelo do rei, e sim dos comerciantes ambulantes que faziam a sua rota pela Primeira Capital.

Várias ruas e becos me cercavam me deixando inseguro de qual caminho seguir, era de certa forma a minha primeira missão e não me fora dada por ninguém, eu partiria do zero e teria de me virar para buscar por informações. O centro parecia estar um pouco mais cheio que o comum, bastante movimentado e com vários comércios ambulantes com artefatos supostamente raros, míticos, retirados de monstros de calabouços que você ouve quando é criança.

Após inúteis conversas com diversos comerciantes locais, eu estava próximo da Taberna do Cavalo Manco, talvez lá eu encontrasse aventureiros — não mais para ir comigo — que me concedessem informações verdadeiramente úteis. Fiquei encarando a arquitetura do lugar enquanto respirava fundo repensando nas minhas ideias e preparando um bom vocabulário para usar.

No entanto, não foi necessário entrar no local. Antes que eu me aproximasse da porta da taberna, ouvi passos vindo em direção  da porta e algo dentro de mim palpitou para que eu me escondesse, escondi-me entre alguns barris que ficava localizado em pequeno beco entre a taberna e uma outra loja e um homem alto e forte, um guerreiro obviamente, saía aos tropeções acompanhado de uma mulher, supus que fosse uma meretriz.

— Conhece Wollbrock Forest!? — perguntava ele num tom que mais parecia um leão rugindo — Eu passei por lá e venci todos os ladrõezinhos que encontrei e alguns monstros como troféu também, inclusive guardo o dente de uma poderosa besta que derrotei. — falava ele entre goladas em sua caneca de vinho. Provavelmente estivesse mentindo a respeito das suas conquistas no local mas acendeu-me uma ideia. Sua acompanhante fingia interesse nas histórias do homem, se fosse um pouco esperta embebedaria-o mais um pouco e prometeria algumas coisas, mas ao fim saquearia tudo que o bêbado tinha de valioso, mas isso não era do meu interesse.

Já havia ouvido falar sobre Wollbrock Forest, dizem que é repleta de ladinos que não perdem a oportunidade para saquear quaisquer que seja o aventureiro que passar pelo local. E abriga, além dos ladinos, as mais diferentes espécies de monstros. Certamente era um local de não se passar sozinho, mas com alguns servos aqui e outros acolá eu provavelmente conseguiria arrancar informações de alguns ladinos ou até mesmo algum artefato que eles saquearam de uma de suas várias vítimas inocentes.

Porém, mesmo na companhia de meus lacaios o lugar não deveria ser muito seguro para alguém sem um vasto conhecimento do território. Voltei a caminhar pelo centro comercial de Valkaria perguntando aos quatro ventos informações sobre Wollbrock, algo além de que abrigava feras e ladinos sedentos por um bolso recheado de moedas.

Após mais diversos minutos procurando por informações deparei-me com um comerciante que aparentava ser um hábil pescador pois anunciava o seu peixe carregando muito orgulho nos ombros e era uma espécie que eu nunca havia visto pessoalmente.

Mas o peixe em si não me interessava, certamente ele havia capturado aquela espécie na cidade portuária, eu já estava anos suficientes em Valkaria para conhecer um bocado da biodiversidade do reino e nunca havia visto aquele peixe. Logo, isso significava que ele estava vindo de algum outro lugar que não fosse Valkaria. Decidi me aproximar enquanto preparava um jogo de palavras para usar com o homem a fins de tirar algumas informações do mesmo.

Infelizmente não tive muito sucesso em minha extração de informações, o máximo que ele foi capaz de me informar era que ele passou — e passa — pela floresta Wollbrock frequentemente quando precisa ir para South Aston e Omiran, vizinhas e aliadas de Valkaria. Despedi-me do homem com um semblante de insatisfação estampado em minha face.

Supus que se ele sobrevivia todas as vezes que passava pela floresta macabra ou ela era apenas uma espécie de lenda ou o comerciante é muito habilidoso. Apesar de ser livre de estereotipo, ele não aparentava ser um grande guerreiro, um sábio mago ou até mesmo um ágil caçador, só um simples mercante que tentava vender seu peixe, literalmente, todos os dias. Então, preferi não recrutar um homem para evitar problemas para mim.

De fato, a informação não me fora muito útil mas agora eu já sabia que teria grandes chances de encontrar caravanas passando por lá para transportar esses comerciantes indefesos. Fiquei esperançoso de o local não ser tão tenebroso como dizem e animei-me para encontrar mais algumas informações antes do anoitecer. Pretendia partir na manhã seguinte logo cedo para não perder meu tempo.

Agora, mais empolgado do que antes, voltei a caminhar pelo centro comercial da grande Primeira Capital em busca de mais informações, queria informações mais precisava. Precisava de conhecimento sobre a floresta, talvez, num lugar escondido por lá, teria algum artefato do meu interesse, ou melhor, um mapa que me levaria a outro lugar me enfiando cada vez mais e mais em aventuras.

A minha busca por informações pelo centro comercial de Valkaria fora interrompido quando eu passava por uma região um pouco macabra, odores desagradáveis e uma aparência nem um pouco convidativa. Um homem, com um manto que cobria seu corpo, saiu das sombras e veio até mim.

As palavras ditas pelo homem faziam um certo sentido, se os mercantes passavam por lá deveria ter uma fonte de renda por lá. Caso Salazar, de Dallol, descobrisse que eu fui morto nas redondezas de Valkaria uma possível guerra poderia dar início, afinal, minha mãe havia sido de grande importância na Segunda Capital e esse interesse passou-se para mim.

— Eu poderia pagá-lo, sim. Mas nada me garante a veracidade da informação. — disse lançando um olhar persuasivo para o misterioso homem, pelo visto já era um velho de guerra devido a sua cicatriz no olho direito — Ou até mesmo que ela vale uma moeda de ouro. — concluí pegando uma moeda do meu bolso e fazendo ela dançar entre os dedos da minha mão direita.

— Conte-me a respeito do que sabes e lhe pagarei caso me sirva para algo, que tal? — propus. Apesar dos poucos anos de vida, minha mãe me ensinara a nunca confiar nas pessoas logo de cara, sempre há a necessidade de uma prova antes.

Por fim, o homem cedou e decidiu me contar oque sabia sem mesmo tocar na moeda de ouro, fiquei feliz por confiar em mim. Me dissera que na Wollbrock Forest havia uma bruxa — no entanto não me dera muitos detalhes sobre ela, aparência, poderes ou coisa do tipo — que fazia uma espécie de contrato com aqueles que queriam passar pelo local em segurança, em troca ela pedia alguns favores que o senhor também não me informara nada a respeito.

Isto já era mais do que eu havia conseguido até agora. Já me era uma base e talvez o suficiente para eu partir para a floresta em busca de mais informações e principalmente encontrar esta bruxa e saber quais eram os favores pedidos por ela.

Entretanto, um frio na espinha me consumiu com as últimas palavras do homem que me diziam que eu teria que fazer uma espécie de invocação para encontrar a cabana da mulher, O.K. isso de fato me assustou um pouco mas a minha ambição por conhecimento ainda era maior.

Um pouco desatento e desconexo do meu mundo, agradeci o homem e lhe entreguei a moeda de ouro sem hesitar. Ao retornar a minha  vida, um sorriso brotou em meu rosto e parti para a minha casa a fins de contar aos meus pais a respeito da aventura que eu teria no dia seguinte, afinal, por mais que eu tivesse meus lacaios, nunca era bom caminhar na noite desacompanhado.


Já era manhã, o Sol surgia a leste e o galo que vivia em nosso terreiro já cantava anunciando o início de mais um dia. Levantei bastante animado, minha mãe ainda estava perplexa com a loucura que eu faria, já meu pai, U'for, estava orgulhoso ao saber que eu já estava indo partir em uma aventura, e melhor, sem depender de guerreiros que se auto-proclamam essenciais para qualquer mago. Bobeira, quem precisa de guerreiros quando se tem esqueletos com a mesma função? E até alguns arqueiros também eu carregava em meu arsenal de mortos-vivos e ainda desenvolveria isso mais a fundo depois que eu adquirisse mais conhecimento com essa bruxa.

Preparei as minhas coisas com oque eu precisaria, prendi o meu livro de magia na minha cintura, estava amarrado por uma pequena corda roxa feita a mão pela a minha adorável mãe. Despedi-me de ambos, Daya e U'for, e rumei até a porta e abri-a abandonando aquela singela casa sem saber se retornaria.

As mensagens do homem ecoavam em minha cabeça como uma bela música de um experiente bardo "seguindo ao leste tem uma bruxa... em troca de favores...". Já saberia por onde me guiar pela tenebrosa Wollbrock Forest, seguiria cegamente ao leste até me encontrar em um bom ponto e recitaria as palavras-chaves ditas pelo homem que havia encontrado na tarde anterior "Quando eu quero doce, eu chamo por ele" parecia uma típica frase de bruxa de contos de fadas, mas eu esperava que essa fosse real e me ajudaria e eu não teria dado uma moeda de ouro em vão para aquele velho.

Sem hesitar, alcancei os portões que me levavam até a floresta de Wollbrock. Antes de realmente partir, certifiquei-me com um dos guardas do portão para que me apontasse, precisamente, a direção da floresta. Apesar de receoso, ele apontou a direção mas pediu para que eu tomasse cuidado com o lugar, já havia ouvido falar muito de lá enquanto aproveitava seus dias de folga na taberna e nada do que ouvia era muito agradável e também para evitar problemas de um nascido em Dallol, naturalizado de Valkaria, morrer naquela floresta. As chances de um novo conflito começar podia ser grande, Salazar não me parecia ser um líder que adorava e prezava os tratados de paz.

Enfim, despedi-me da Primeira Capital e segui na direção apontada pelo guarda do portão. O Sol ainda era de uma típica manhã, deveria ser por volta de oito horas da manhã pela posição da estrela. À essa hora as chances de um ataque de ladinos bestas ou feras impiedosas seria menor, supus.

Após alguns bons minutos caminhando pela estrada de Valkaria consegui alcançar a Wollbrock Forest. Era exatamente como havia ouvido falar: independente do horário que for no exterior da floresta, por dentro sempre vai parecer que está a noite, como uma magia que cobrisse o local com escuridão para facilitar a vida dos ladinos que ali habitavam, as pedras e alguns galhos de árvores eram cobertos por musgos, fungos que supus serem venenosos pelos os meus conhecimentos de ervas, insectóides de tamanhos variados passavam zunindo e compunham a beleza macabra da floresta.

Atento a tudo e todos ao meu redor, pude enxergar na copa de uma árvore um pano velho e sujo, um lençol talvez, que cobria algo ou alguém, olhando mais precisamente pude ver um braço que escapava da camuflagem do lençol. Um cadáver? Quê? pensei comigo mesmo Espera, por que estou com medo de um cadáver? Eu brinco com os mortos disse a mim ao perceber o quão bipolar eu estava parecendo naquele momento.

Nunca fui um bom praticante de escaladas e preferi não tentar considerando os musgos escorregadios que cobriam aquela árvore. Fiquei olhando ao meu redor por alguns segundos mas não encontrei nada que pudesse ser usado. Aproximei-me do tronco e, com a perna direita, desferi chutes contra a árvore a fins de derrubar aquele possível cadáver para que eu pudesse averiguar melhor o seu estado.